22/09/2011

Espargueta com espinhos

Asparagus aphyllus L.
O aspecto deste arbusto não encoraja o seu uso em sopas, pizzas ou saladas: há o justificado receio de os espinhos arranharem a garganta, e os ramos lenhosos não prometem ser de mastigação fácil. No entanto, é mesmo verdade que este espargo silvestre (também conhecido como espargueta) é primo dos tenros espargos tão usados em culinária. Com uma ressalva: os espargos comestíveis (que pertencem à espécie Asparagus officinalis) são consumidos só enquanto rebentos; mal a planta começa a ramificar-se, o caule torna-se lenhoso e impróprio para refeições.

Haverá umas trezentas espécies de Asparagus, quase todas arbustivas, algumas trepadeiras (como as madeirenses A. umbellatus e A. scoparius) e umas poucas usadas como ornamentais (como o A. densiflorus). As três que são espontâneas no nosso território continental (A. albus, A. acutifolius e A. aphyllus) são plantas tipicamente mediterrânicas, próprias de lugares secos; duas delas (A. acutifolius e A. aphyllus) são tão espinhentas e agressivas como o tojo.

Apesar de desempenharem a função fotossintética que costuma caber às folhas, os espinhos (ou cladódios) destes arbustos são na realidade pequenas hastes modificadas que nascem das axilas das folhas - e estas estão reduzidas a escamas que mal se vêem a olho nu.

Informa o terceiro volume da Nova Flora de Portugal que tanto o A. aphyllus como o A. acutifolius se distribuem de norte a sul de Portugal, do Minho e Trás-os-Montes ao Algarve; ambos frequentam matos secos e terrenos incultos ou mesmo ruderais, florescem desde a Primavera até ao Verão, e dão flores pequenas, de cerca de 5 mm de diâmetro. A semelhança entre os dois pode causar alguma confusão, mas uma inspecção cuidada permite distingui-los, seja pelos espinhos (os do A. aphyllus têm comprimentos desiguais, e surgem agrupados em menor número - molhos de três a sete, às vezes solitários, contra dez a trinta do A. acutifolius), seja pela cor dos caules (verdes no A. aphyllus, brancos ou cinzentos no A. acutifolius).

Se a nossa «experiência de campo» vale alguma coisa, forçoso é concluirmos que, pelo menos no norte e centro de Portugal, o A. aphyllus é muito mais comum do que o A. acutifolius (que, aliás, não estamos certos de alguma vez ter encontrado).

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