11/07/2009

Sanganho


Cistus psilosepalus Sweet

Os arbustos do género Cistus deveriam ser obrigatórios em qualquer jardim no continente português: sendo plantas nativas, estão perfeitamente adaptadas ao nosso clima, não exigindo cuidados especiais e aguentando-se bem com pouca rega; além do mais, são bonitos e têm floração vistosa. Enquanto não for promulgada a lei que consagre essa obrigatoriedade e proíba os relvados-com-palmeiras característicos das «vivendas» dos subúrbios (já se fizeram leis mais descabidas), o modo de encontrar os Cistus é passear por aqueles pedaços de território ainda livres de construções. São plantas tenazes, que persistem mesmo em lugares onde a natureza foi reduzida à caricatura, como os eucaliptais. Não surpreende, por isso, que sejam abundantes na Serra de Valongo.

As duas espécies de Cistus dominantes na Serra de Valongo são o sanganho (C. psilosepalus), de que acima exibimos fotos, e o sanganho-manso (C. salviifolius), duas plantas que facilmente se confundem, e que aliás costumam hibridar entre si. Ambas atingem uma altura máxima de um metro, e dão flores brancas com um diâmetro de 3 a 5 cm. Ao contrário de outras congéneres suas também de flores brancas (como o C. ladanifer e o C. monspeliensis), estas duas plantas não são pegajosas. As épocas de floração do C. psilosepalus e do C. salviifolius coincidem em parte, mas a do primeiro prolonga-se até mais tarde: quando tirei as fotos, no final de Junho, já o segundo perdera todas as flores. A distinção entre as duas espécies faz-se mais facilmente pelas folhas: as do sanganho são sésseis (ou seja, não têm pecíolo, agarrando-se directamente aos ramos) e alongadas (o termo técnico é oblongas); as do sanganho-manso dispõem já de um curto pecíolo e têm uma forma mais arredondada (dita ovada). [Estas características da folhagem do C. salviifolius podem ser conferidas nesta página.]

Ambas as espécies têm ampla distribuição nacional, mas o C. psilosepalus, a acreditar na Flora Digital de Portugal, está ausente do Algarve e do interior alentejano. Encontrei-o também no Sabugal, ainda em flor, atapetando o terreno à volta dos veneráveis castanheiros. Globalmente, o C. psilosepalus é um exclusivo ibérico; o C. salviifolius, mais viajado, está presente em toda a bacia mediterrânica, da França à Turquia e de Marrocos a Israel.

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